CNPJ: O que é, como funciona e o que muda em 2026

Tempo de leitura: 12 minutos

O Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), a identidade oficial das empresas no Brasil, está passando por uma das suas maiores evoluções.

Com a crescente demanda por novas inscrições, a Receita Federal anunciou a implementação do CNPJ alfanumérico. A mudança, que começa a partir de julho de 2026, traz um novo formato que combina letras e números, aumentando a capacidade de identificação de novos negócios.

Este guia completo vai esclarecer o que muda, por que essa transição é necessária e quais providências sua empresa deve adotar para se adaptar.

O que é o CNPJ?

O CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) é a identidade oficial de qualquer negócio no Brasil. Sem ele, uma empresa não consegue operar legalmente, abrir conta bancária PJ, emitir notas fiscais ou acessar crédito.

Para simplificar, se o CPF identifica uma pessoa física, o CNPJ identifica uma empresa. É o registro que comprova a existência formal do seu negócio e o conecta às suas obrigações fiscais e jurídicas.

Como o CNPJ é formado?

O CNPJ é composto por 14 dígitos organizados em quatro partes, no formato XX.XXX.XXX/YYYY-ZZ.

  • Raiz (XX.XXX.XXX): Identifica a empresa matriz. Esse número é o mesmo para todas as filiais.
  • Número de Ordem (/YYYY): Indica a unidade. O número 0001 representa a matriz, e 0002, 0003 e assim por diante representam as filiais.
  • Dígitos Verificadores (-ZZ): São dois dígitos numéricos que validam o número para evitar erros de digitação. Eles são gerados a partir de um cálculo matemático, o módulo 11, que garante a autenticidade do CNPJ.

Por exemplo, no CNPJ da NFE.io (18.730.297/0001-90), a raiz é 18.730.297, o número de ordem é 0001 (indicando que é a matriz) e os dígitos verificadores são 90.

Para que serve o CNPJ?

Ter um CNPJ serve como o pilar para formalizar e expandir um negócio. Ele permite que a empresa:

  1. Formalize-se e comprove sua existência: Garante a credibilidade do negócio para o governo, clientes e fornecedores.
  2. Acesse serviços financeiros: Permite abrir contas bancárias PJ, fazer empréstimos e solicitar financiamentos com condições especiais.
  3. Contrate e transacione: É essencial para contratar funcionários, fechar contratos com fornecedores, participar de licitações e, o mais importante, emitir notas fiscais.
  4. Seja vista no mercado: O CNPJ é a porta de entrada para parcerias B2B (empresa para empresa) e pode oferecer descontos em compras no atacado.

Quem pode ter um CNPJ?

A possibilidade de ter um CNPJ se estende a qualquer pessoa que deseje formalizar uma atividade empresarial, desde autônomos e profissionais liberais até micro, pequenas, médias e grandes empresas. Além dos negócios, outras organizações como ONGs, sindicatos e igrejas também podem ter um CNPJ.

Para muitos, como os profissionais liberais (médicos, advogados, engenheiros), abrir um CNPJ é vantajoso, pois além de dar credibilidade, pode proporcionar uma redução significativa na carga tributária em comparação com a atuação como pessoa física.

Como emitir o CNPJ?

A emissão do CNPJ é feita pela Receita Federal, geralmente por meio do portal Redesim. O processo exige a entrega do Documento Básico de Entrada (DBE). O passo a passo simplificado é:

Acesse o portal Redesim e faça uma consulta de viabilidade para verificar se sua atividade é permitida no local de funcionamento.

  1. Preencha o formulário do DBE e transmita-o com um Certificado Digital.
  2. Após a aprovação da Receita, leve o DBE à Junta Comercial do seu estado.

É importante notar que o Microempreendedor Individual (MEI) tem um processo mais simples e não precisa do DBE, obtendo diretamente o Certificado da Condição do Microempreendedor Individual (CCMEI).

Quais informações constam no CNPJ?

Ao consultar um CNPJ, você pode acessar dados públicos que revelam a situação da empresa. As principais informações são:

  • Número de inscrição e data de abertura
  • Nome Empresarial (Razão Social) e Nome Fantasia
  • Atividade Econômica (CNAE) principal e secundária
  • Endereço e contato
  • Situação cadastral: Indica se a empresa está ativa, suspensa, inapta, baixada ou nula.

A consulta de CNPJ é uma ferramenta poderosa para validar a situação de um fornecedor ou parceiro, garantindo segurança em transações e contratos.

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O futuro do CNPJ: Reforma Tributária e formato alfanumérico

O CNPJ está no centro das maiores mudanças fiscais do Brasil, o que reforça sua importância. Para lidar com o crescente número de empresas, uma mudança está por vir no formato do CNPJ. A partir de julho de 2026, os novos CNPJs poderão ser alfanuméricos, ou seja, poderão conter letras e números.

Principais mudanças:

  • Chave do Cadastro Nacional Único: Com a Reforma Tributária, o CNPJ será a única chave para acesso ao novo sistema tributário, que substituirá vários impostos federais, estaduais e municipais por dois novos: o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços). O CNPJ se tornará o identificador central para esses novos impostos, facilitando um processo mais transparente e rastreável.
  • Formato Alfanumérico: O formato atual é de 14 dígitos numéricos, como 12.345.678/0001-90. O novo formato terá 14 posições com letras e números, como por exemplo, 12.ABC.345/01DE-35.
  • Aleatoriedade das letras: As letras incluídas no CNPJ alfanumérico serão completamente aleatórias, sem qualquer conexão com o estado, natureza jurídica ou qualquer outro atributo específico da empresa.
  • Validade dos CNPJs atuais: Os CNPJs numéricos atuais continuarão válidos e não haverá necessidade de alterá-los.
  • Impacto nas empresas: O principal impacto para as empresas é que seus sistemas internos (como plataformas de e-commerce e ERPs) precisarão ser atualizados para aceitar o novo formato. A Receita Federal disponibilizará rotinas de programação para auxiliar nessa atualização, minimizando o impacto nos sistemas informatizados. Empresas que não se adaptarem a essa mudança podem enfrentar problemas com seus sistemas de gestão (ERPs), gateways de pagamento e emissão fiscal. Preparar-se com antecedência é fundamental para evitar erros e garantir a continuidade das operações.

Qual impacto fiscal da mudança do CNPJ para alfanumérico?

O impacto fiscal para as pessoas jurídicas que serão inscritas com identificação alfanumérica serão os ajustes na emissão de documentos fiscais eletrônicos, obrigações acessórias e principais nas quais ela estará submetida.

Os sistemas internos de apoio à escrituração contábil e fiscal das pessoas jurídicas que tiverem identificação alfanumérica também deverão estar preparados para “ler” o formato alfanumérico.

Os sistemas governamentais de controle das obrigações acessórias e principais do contribuinte já deverão estar alterados para receberem o novo formato alfanumérico.

Como será calculado o Dígito Verificador do CNPJ alfanumérico?

O Dígito Verificador (DV) é uma medida crucial para garantir a autenticidade e evitar erros de digitação em um CNPJ. No novo formato alfanumérico, o cálculo continua a ser feito pelo algoritmo do “módulo 11”, mas agora ele também considera as letras, que são convertidas em valores numéricos pelo código ASCII para o cálculo. O resultado desse cálculo são sempre dois dígitos numéricos porque o DV continuarão sendo números.

Para facilitar, vamos usar o CNPJ fictício:
12.ABC.345/01DE-dv

1. A tabela de equivalência

Cada caractere (número ou letra) é convertido em um valor numérico.
A lógica é simples: valor ASCII – 48.
Exemplo: a letra “A” tem código ASCII 65 → 65 – 48 = 17.

Caractere Valor Decimal Caractere Valor Decimal
0 48 A 65
1 49 B 66
2 50 C 67
3 51 D 68
4 52 E 69
5 53 F 70
6 54 G 71
7 55 H 72
8 56 I 73
9 57 J 74
K 75
L 76
M 77
N 78
O 79
P 80
Q 81
R 82
S 83
T 84
U 85
V 86
W 87
X 88
Y 89
Z 90

 

2. Cálculo do Primeiro Dígito Verificador (DV1)

Sequência usada (12 primeiros caracteres):
1 2 A B C 3 4 5 0 1 D E

Conversão e Multiplicação: Pegamos os 12 primeiros caracteres do CNPJ (12ABC34501DE), convertemos para os valores correspondentes e os multiplicamos por uma sequência de pesos que vai de 2 a 9 e se repete.

Caractere Valor Peso Valor x Peso
1 1 5 5
2 2 4 8
A 17 3 51
B 18 2 36
C 19 9 171
3 3 8 24
4 4 7 28
5 5 6 30
0 0 5 0
1 1 4 4
D 20 3 60
E 21 2 42
  • Soma dos resultados: Somando todos os resultados das multiplicações, chegamos a um valor total.
  • 5 + 8 + 51 + 36 + 171 + 24 + 28 + 30 + 0 + 4 + 60 + 42 = 459
  • Módulo 11: Pegamos a soma (459) e a dividimos por 11. O que importa é apenas o resto dessa divisão, que, neste caso, é 8.
  • Cálculo do DV1: O primeiro dígito verificador é obtido subtraindo o resto da divisão de 11.
  • 11 - 8 = 3
  • O resultado é 3.

3. Cálculo do Segundo Dígito Verificador (DV2)

Adicionar o DV1: O primeiro dígito verificador que acabamos de calcular (3) é adicionado ao final da sequência do CNPJ. A nova sequência para o cálculo é: 12ABC34501DE3.+

Nova Multiplicação e Soma: Multiplicamos os 13 caracteres por uma nova sequência de pesos.

Caractere Valor Peso Valor x Peso
1 1 6 6
2 2 5 10
A 17 4 68
B 18 3 54
C 19 2 38
3 3 9 27
4 4 8 32
5 5 7 35
0 0 6 0
1 1 5 5
D 20 4 80
E 21 3 63
3 (DV1) 3 2 6
  • Soma dos resultados:
  • 6 + 10 + 68 + 54 + 38 + 27 + 32 + 35 + 0 + 5 + 80 + 63 + 6 = 424
  • Módulo 11: Dividimos a nova soma (424) por 11. O resto da divisão é 6.
  • Cálculo do DV2: O segundo dígito verificador é obtido com o cálculo 11 - 6.
  • 11 - 6 = 5
  • O resultado é 5.

Resultado Final

O CNPJ fictício completo será:
12.ABC.345/01DE-35

Perguntas Frequentes (FAQ) sobre o CNPJ Alfanumérico

Para dar nitidez as principais dúvidas sobre essa mudança, preparamos uma seção de perguntas e respostas com base nas informações da Receita Federal.

  1. O que é o CNPJ Alfanumérico?
    É a nova forma de identificação do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), que passará a ter letras e números em vez de ser apenas numérico. Essa mudança amplia a capacidade de identificação das empresas no Brasil.
  2. Qual é o objetivo dessa mudança?
    Garantir a continuidade das políticas públicas, aumentar o número de combinações possíveis e evitar repetições de CNPJs, assegurando uma identificação única para cada empresa.
  3. Por que o CNPJ está mudando para um formato alfanumérico?
    Porque há uma demanda crescente de novos CNPJs. O formato alfanumérico amplia as combinações possíveis, evitando repetições e garantindo a identificação única das empresas.
  4. Quando começam as inscrições de CNPJ no formato alfanumérico?
    A partir de julho de 2026.
  5. Meu CNPJ atual vai mudar para o formato alfanumérico?
  6. Não. Se sua empresa já possui um CNPJ, ele continuará válido e não haverá necessidade de nenhuma ação por parte do contribuinte junto à Receita Federal. O formato numérico e o alfanumérico coexistirão.
  7. A mudança será imediata para todas as empresas? Como será a transição?
    Não. A Receita Federal adotará uma transição progressiva, com um calendário definido por tipo de empresa e atividade econômica. Haverá comunicação ativa para tornar o processo transparente.
  8. Minha empresa já tem um CNPJ. Vai mudar?
    Não. O CNPJ atual, somente numérico, continuará válido. Nenhuma ação será necessária.
  9. Os formatos numérico e alfanumérico coexistirão?
    Sim. Ambos serão aceitos em todos os processos oficiais.
  10. O procedimento de inscrição do CNPJ mudará?
    Não. Apenas a estrutura do número será diferente. O processo de inscrição seguirá igual, integrado à REDESIM.
  11. Que providências a empresa deve adotar junto a órgãos públicos?
    Nenhuma. Os sistemas públicos serão atualizados para aceitar os dois formatos.
  12. Estados e municípios estarão preparados para o novo formato?
    Sim. A Receita Federal comunicará todas as Secretarias da Fazenda e Finanças com antecedência, garantindo que os sistemas estejam prontos.
  13. Minha empresa deve adotar providências internas ou com parceiros?
    Externamente, nenhuma. Internamente, será preciso atualizar os sistemas para reconhecer também o formato alfanumérico. Serão disponibilizadas rotinas de cálculo do Dígito Verificador para facilitar.
  14. O que acontece se a empresa não atualizar seus sistemas a tempo?
    Poderão ocorrer falhas em notas fiscais, atrasos em processos administrativos e problemas na comunicação com clientes e fornecedores. É essencial se adaptar.
  15. A mudança é obrigatória para todos ou só para novos CNPJs?
    Somente para novas inscrições (inclusive filiais). Quem já tem CNPJ numérico permanecerá com ele.
  16. Haverá custo para as empresas?
    Sim, apenas com a atualização dos sistemas para aceitar o novo formato e calcular o dígito verificador.
  17.  As filiais também terão CNPJ alfanumérico?
    Sim. Novas filiais poderão receber letras em sua identificação. As filiais já existentes com números permanecerão como estão.
  18. As letras terão algum significado, como UF ou natureza jurídica?
    Não. Serão totalmente aleatórias, sem relação com localização ou atributos da empresa.
  19. Sites de serviços (SERASA, telefonia, SPC etc.) atualizarão automaticamente?
    Todos os sistemas precisarão estar preparados para o novo modelo. A Receita Federal fará comunicação ativa para apoiar a transição.
  20. As letras no CNPJ alfanumérico terão algum significado?
    Não. As letras serão completamente aleatórias. Elas não terão conexão com a Unidade da Federação (UF), a natureza jurídica ou qualquer outro atributo específico da empresa.
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